No livro "The Nutmeg of Consolation", de Patrick O’Brian, o 14º de sua série de romances marítimos, a alegria escancarada do Dr. Stephen Maturin por finalmente ver um ornitorrinco na Austrália é imediatamente diminuída pela dor incapacitante que ele sente quando é picado pelos esporões venenosos das patas traseiras do animal.
Maturin poderia ser perdoado se não soubesse que o ornitorrinco está entre os poucos mamíferos capazes de produzir veneno (no caso dos ornitorrincos, apenas os machos). Mesmo os que sabem sobre o veneno desse animal não conhecem muita coisa.
Agora, podem saber mais. Pesquisadores no Japão identificaram alguns dos elementos constituintes do veneno capazes de torná-lo tão doloroso.
Usando cromatografia líquida de alto desempenho e outras técnicas, Masaki Kita, da Universidade de Tsukuba, Daisuke Uemura, da Universidade de Nagoya, e colegas analisaram amostras de veneno e identificaram 12 peptídeos, pequenas cadeias de aminoácidos e elementos formadores das proteínas. Suas descobertas são relatadas no The Journal of the American Chemical Society.
Em estudos laboratoriais anteriores, os pesquisadores descobriram que o veneno bruto fazia com que células nervosas em cultura absorvessem íons de cálcio lenta e continuamente. Isso deu uma ideia sobre como age o veneno, pois o fluxo de cálcio em células nervosas está relacionado à sensação de dor. Um dos peptídeos identificados, chamado de heptapeptide-1, mostrou aumentar sozinho o fluxo de íon de cálcio. Isso sugere que esse talvez seja o principal componente responsável pelo efeito do veneno.
Tradução: Gabriela d'Avila
(gazetaweb, 24/01/2010)
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