sábado, 31 de julho de 2010

China diz que é a segunda maior

PIB do país asiático cresce 11,1% no primeiro semestre e pode ter superado o Japão, ficando atrás apenas dos Estados Unidos

A China anunciou ontem que superou o Japão e assumiu o posto de segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. As declarações foram feitas pelo vice-presidente do Banco Central da China, Yi Gang, em entrevista à revista China Reform.

Entretanto, Gang não explicou como chegou a essa conclusão, já que os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão só serão divulgados em meados de agosto. Em 2009, o PIB da China era de US$ 4,9 trilhões, 3% menor do que o do Japão, de US$ 5,06 trilhões, e três vezes menor do que o dos EUA.

O PIB chinês cresceu 11,1% nos primeiros seis meses deste ano em relação a igual período do ano passado, chegando a US$ 2,55 trilhões. A expansão do país vem registrando média anual de mais de 9,5% desde 1978, quando adotou reformas econômicas.

– A China já é agora, de fato, a segunda maior economia do mundo – disse Gang.

A ultrapassagem em relação ao Japão já é aventada desde o início do ano. Segundo o coordenador da Global Academy da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yann Duzert, o acelerado fôlego da economia chinesa e as dificuldades enfrentadas pelo Japão explicam a possível superação:

– O Japão é um país de população envelhecida, que viveu intensamente os efeitos da crise econômica e por isso perdeu competitividade. Já a China apresenta maior dinamismo econômico, população jovem, mão de obra barata e potencial para exportações.

Duzert afirma ainda que a China tornou-se a fábrica do mundo enquanto o Japão não se adaptou a uma sociedade rápida e moderna, além de ter enfrentado a concorrência de players internacionais como Europa, Estados Unidos e Brasil.

Projeções do Goldman Sachs indicam que a economia chinesa poderá superar também os Estados Unidos e se tornar líder global, por volta de 2025. Segundo Duzert, a previsão se concretizará no que diz respeito ao PIB, porém em termos de desenvolvimento humano, a China não irá ultrapassar os EUA nesse período.

– Não devemos avaliar o nível de desenvolvimento de um país apenas pelo que ele produz. Em termos de produção, a China certamente chegará lá. Porém o crescimento sustentável ainda é um desafio para a sociedade chinesa. São os excessos de uma sociedade que cresceu muito rápido – afirmou o especialista da FGV.

Entre as consequências da expansão chinesa está o aumento do mercado de consumo. Em menos de 10 anos, 300 milhões saíram da pobreza. Duzert avalia que o país asiático se tornará um grande mercado consumidor, e o desafio será promover o que chama de justo consumo.

– Não podemos entrar no excesso, explorar demais a natureza. Precisamos olhar, nos próximos 10 anos, como o planeta deve se responsabilizar pela entrada de cerca de 1 bilhão de consumidores no mercado – disse Duzert.

(Zero Hora, 31/07/2010)

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