
O filme abre com sua melhor sequência: um ataque ninjitsu que vira cena de horror gore, bem ao gosto da nova safra trash japonesa. Mas, passado o impacto sangrento, a trama engata um enredo convencional de espionagem televisiva, com direito a melodrama confinado em flashback e um vilão de voz sussurrante. A previsibilidade dos flashbacks, da salvação da mocinha, da motivação do herói, da ordem em que os personagens duelam e até do desfecho resulta na antítese de um suspense. Quem viu um filme de ninja antes – pode ser até “Elektra” (2005) – já sabe como a história termina com menos de 10 minutos de projeção.

A ação se passa em Berlim, onde todos, claro, falam inglês – dos orientais aos moradores locais. E onde existe a pior segurança de aeroportos do mundo, pois só isso explica o transporte de um prisioneiro numa caixa fechada até a fortaleza ninja japonesa – que, por sinal, fica logo ali pertinho, dobrando a esquina do corte de edição. Mas o que se pode esperar de um roteiro marretado em 56 horas?

“Ninja Assassino” traz de volta Rain, o ator, modelo e cantor coreano com quem os irmãos trabalharam em “Speed Racer”. Uma piada no filme refere-se à carreira pop do cantor, quando os ocidentais dizem que ele parece mais integrante de “boy band” que um ninja assustador. É uma constatação verídica.

Onde o filme mais se esforça são nas coreografias de ninjitsu, que tentam até explorar a estética dos elementos. Há lutas na chuva e em meio às chamas, embora nada que remeta à plasticidade de Zhang Yimou (“Herói”, “O Clã das Adagas Voadoras”).

Suor perdido à toa. Mesmo a sequência de duelos entre o tráfego pesado de Berlim, a apoteose da ação, acaba sendo vulgarizada, pois todas as lutas, o tempo inteiro, são engolfadas em jatos de pixels encarnados, fatiadas por close-ups fora de hora e derrubadas por uma edição de computador que deixa o trash pop de “Azumi” (2003) parecendo balé clássico.
Os excessos visuais, praga da edição moderninha, comprometem o apelo “B” de “Ninja Assassino” em troca de uma aparência “descolada” de adaptação de quadrinhos. Mas no fundo ele não passa de um filme tosco, daqueles que se costumava ver em VHS, no velho videocassete dentado que há muito mastigou “Mortal Kombat” (1995) e “Ninja Americano 5” (1993).
(Pipoca Moderna 05/02/2010)
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